quarta-feira, 15 de julho de 2009

Meu povo tuga... Minha "sódade"!


Começo por explicar que escrevo estas palavras na esperança que o MEU POVO as leia, por isso, quem não é do povo, não leve a mal, que pelo meio deste mar de palavras surjam composições gramaticais mais popularuchas e carregadas de brejarismo (colocarei as mesmas entre aspas, para que as pessoas mais sensíveis à leitura de um português menos correcto as possam evitar )....




Escrevo porque "se me deu a sódade", e note-se que a sódade é muito mais que a simples saudade, é um sentimento meu, uma profunda angústia no meu quotidiano quando de tempo em tempo sinto que me faltam diversos actos, comportamentos, palavras, palavrões e outras coisas que só o MEU POVO TUGA sabe exteriorizar....




Pois é meus caros, "pois que tenho sódade" de entrar numa pastelaria pela manhã, ainda de olhos mal abertos, e dar de caras com o Tugalindo de bigode negro, felpudo, a tapar "por completo suas beiças" a arriscar sem medos beber um copo de leite e a trincar um mil folhas cheio de açúcar refinado sem se preocupar com a limpeza do seu pincel (bigode negro). Tudo isto culmina em beleza quando o tuga resolve falar, e aí, assistimos a um espectáculo belíssimo e inigualável de milhares de grãos de açúcar refinado, migalhas de bolo e pingos de leite a saltarem do pincel como se de flocos de neve num belo dia de inverno se tratasse... ai que sódade..




E a meia?? "Qué feito" da meia branca e grossa, desenhada com duas raquetes a viverem em plena harmonia, sempre se cruzando entre elas como se duas espadas medievais se tratassem??? Quem terá sido o idiota que resolveu dar um toque de classe à coisa e lançar no mercado meias brancas lisas?? Porquê....?? Qualquer dia lembram-se de deixar de fazer os fatos de treino de cores berrantes e reflectoras... Tenham juízo por favor!!!


Gostaria de lembrar também, o transtorno que as empresas de brindes têm causado ao "meu Tugalindo". Há quanto tempo não me deparo com aquele porta-chaves "tão belo" e de utilidade inigualável. O "Corta Unhacas". E não me refiro a um qualquer, falo daquele com o símbolo do galo de Barcelos, sempre acompanhado com um molhe de chaves que mais parece uma arma de arremesso!! Aceito que reduzam o número de chaves, agora o corta unhacas ser substituído por fitas, corações, símbolos de clubes de futebol ou mesmo a fotografia da "netinha de um mês com dois brinquinhos doirados e uma bandelete cor de rosa cheia de folhos". ISSO NÃO!!! Vejam que como consequência, podemos vir a ter a extinção de um fenómeno tão belo quanto o de estarmos num restaurante e do nada ouvimos aquele "click,click", que nada mais é, que o tugalindo a aparar suas garras por forma a deixar unicamente, aquela maiorzinha no dedo mindinho, tão útil para tirar a parafina (vulgo cera) que se aloja no seu ouvido, também ele cheio de pêlo, fazendo pandant com o pincel...


Estamos a ir ao fundo meu Portugal...


Posso vos garantir que no Brasil ainda não se deixou de dançar o samba e as senhoras continuam a ir para a praia com aqueles bikinis com tão pouco tecido...


E NÓS???


"cadê" o palito ???


Uma vez li que "arte abstracta é um movimento artístico cujas obras possuem uma grande mistura de ideias, formando um carrossel holandês de imaginação" (in desciclopédia) ...



É neste contexto de arte, que finalizo, a falar sobre o que me deixa mais sódade...


Sódade daquela melodia, que só o Tuga sabe compor, quando, ao vivo e a cores, sente um ligeiro incomodo na garganta e resolve puxar dos pulmões um valente escarro, que aos meus olhos, são mais que uma obra de arte... São a ARTE!!! Como?? Passo a explicar...vejo arte no caminho que a gosma percorre da boca até ao chão. No inicio parece um canário sem asas, transformando-se num ovo sem casca que toda a gente sente necessidade de pisar... é tão bonito de se ver e ouvir!! ... sei que não é um carrossel holandês, mas será que estarei a dizer algum disparate ao afirmar que considero estes canários sem asas, estes ovos sem casca uma verdadeira obra de Arte abstracta representativa de uma cultura tão rica quanto a nossa ??



Será que vale a pena não pensar nisto...??



Cumprimentos


Frederico Maia de Loureiro







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