sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A praia e o emigrante...



A pedido de algumas pessoas (não muitas), aliás, confesso, de uma só pessoa, permitam-me, que vos descreva algumas situações que este "querido mês de Agosto" me tem dado oportunidade de viver e saborear como se tratasse de um gelado Santini de dez bolas...





Quem já leu outras coisas que os meus dedos escreveram, já deve ter notado que têm um carinho especial pelo nosso povo lindo... E é por isto que nestas próximas letras, vou escrever sobre um tema tão interessante e fascinante....o Emigrante!!

Assisti ao vivo e a cores ao fenómeno "mai lindo" que possivelmente se poderá ver numa praia do nosso país;

Ontem estava a chegar á praia e quando olhei para a água, vi uma pequena cadela caniche branca de pêlo cortado raso (estilo primavera/verão), com uns colconetes tanga vestidos, repito, um caniche vestido com uns "calçõezinhos" de tanga encarnados ás bolinhas brancas, como se de um fato de banho à Cristiano Ronaldo se tratasse. Acreditem meus amigos, que estive perto de chamar a liga protectora dos animais, mas quando vi, a felicidade daquela gente a chamar a Nina (nome próprio da cadela) de um lado para outro, e esta, de língua de fora, a morrer de sede e calor, mas mesmo assim, a sonorizar um ladrar irritante como que a dizer aos seus donos: "je sui tré conten dê estar aqui á lá pláge avec mes calconétes dé Cristiane Reinalde!!" confesso que não fui capaz de o fazer... em vez disso fiquei a observar um dia de praia de uma famélga de emigrantes.... e é desta observação que vos vou falar:


A ida à praia é um momento muito especial na vida do emigra, por isso, acredito que acordem pelas 5 da manhã para começar a preparar todo o apetrecho necessário para as poucas horas que irão passar na areia.




Julgo serem necessárias pelo menos três horas para este preparo. Tenhamos em conta, que em média, o emigra e a sua família totalizam pelo menos 15 elementos (ele próprio, sua mulher, os 3 filhos, a mãe e o pai, a sogra e o sogro, as duas amantes, a pedicure da mãe, o amigo bêbado do sogro e o outro amigo bêbado qualquer... ah é verdade não esquecer o canito!).




Nesta preparação o chefe de família tem de pensar em tudo, por isso, tem um check-list para fazer antes da "malta" arrancar para a praia no seu bruto Mercedes de matrícula estrangeira (90% das vezes alugado). Este check-list contém os seguintes mandamentos :


  • emigra leva pelo menos três guardas-sol e uma tenda.

  • mulher de emigra conta com duas toalhas por pessoa, cada uma de sua cor e feitio, passando pela toalha da 7up, do Dragon ball, da Barbie, da Porta da Ravessa, da Sagres e importantíssima será a da bandeira do país onde emigram...



  • filho de emigra leva as pranchas de apanhar as ondas (tal como eles as denominam).



  • emigra leva dez lancheiras nas quais levam os vinte Umbongo para os gaiatos, o tinto para o sogro , a água para as velhas, uma Sprite das pequenas para a mulher , 95 "sandes" de mortadela, a chouriça acompanhada da respectiva naifa, milhares de snacks comprados no Lidl, pataniscas de bacalhau cheias de óleo (feitas pela sogra) e o mais importante de tudo são as 40 minis Sagres para ele e para o amigo.



  • emigra leva a casota do canito e a respectiva banheira para lhe dar o banhinho de água doce... "pois diz que caniche de emigra" não pode tomar banho de água salgada, "párce que, lá na França, o chien é pá de habituê!!"

  • emigra tem de levar uma bola de futebol marcada ou com o seu clube ou com a bandeira de Portugal (notem que 90% das vezes não tocam na bola, pois o jeitinho já é muito pouco e a bebedeira que a chouriça e as pataniscas lhes pregam tornam a bola ainda mais quadrada).

  • emigra leva creme protector somente para as crianças. Habitualmente é um creme comprado previamente na terra onde emigram e de cores berrantes. Depois de besuntarem os gaiatos com aquela pasta protectora grau 90, cada uma das crianças, fica a parecer um palhaço triste que encontramos em qualquer circo mais próximo.

  • emigra leva um saco cheio de panos de cozinha e naprons para estender o piquenique.

  • resumindo, emigra leva tudo, há de haver o dia em que se lembra de levar a bela imitação do quadro do "Menino que Chora" para decorar a tenda da praia... Mas ainda não teve espaço para isto, por isso, vamos-nos concentrar no que temos...



Será interessante observar que depois da trabalheira toda a preparar e a chegar á praia o facto de que a família faz questão de encontrar um bocado de areia onde fiquem coladinhos, diria mesmo, quase ao colo do resto dos banhistas.



Depois, as duas horas que ficam na praia, a maioria dos elementos fica à sombra, mas há sempre um ou dois que vão para o sol até apanhar aquele escaldão de 1º grau. Estes são os elementos que servem para tirar as fotografias, que durante as férias, serão enviadas para os amigos "lá da França para mostrar le belle bronze verméluche..."



O chefe de família, o amigo e os velhos (sogro e pai) espetam uma bebedeira na cabeça, que duas horas depois de chegarem à praia já não podem com aquilo, por isso, dão ordem de arrumação das coisas (processo que demora duas horas) para voltarem a casa...



Havia muito mais para falar, mas resumidamente este será um dia de praia de uma famélga de emigras...



...também é verdade que gosto de escrever pouco para deixar um restinho para outros momentos... ;-)



Antes de me despedir, deixo aqui um link para um filme gravado por um amigo, onde mostra o que dá um emigra pegar na bola tão bem guardada debaixo do chapéu de sol e tentar dar uns toques...




http://www.youtube.com/watch?v=rK1Pxln4BLA&eurl=http%3A%2F%2Fwww%2Efacebook%2Ecom%2Fhome%2Ephp%3F&feature=player_embedded




Cumprimentos de emigrante..







Frederico Maia de Loureiro

Sem comentários:

Enviar um comentário